quinta-feira, 26 de junho de 2008


Sabe, já faz tempo,

Que eu queria te falar

Das coisas que trago no peito


Saudade,

Já não sei se é a palavra certa para usar

Ainda lembro do seu jeito


Não te trago ouro,

Porque ele não entra no céu

E nenhuma riqueza deste mundo

Não te trago flores,

Porque elas secam e caem ao chão

"Te trago" os meus versos simples,

Mas que fiz de coração.
Bailarina, soldado de chumbo.
Nossa casinha pequena parece vazia sem o teu balé
Sem o teu café requentado, soldado de chumbo não fica de pé.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ele fala devagar e sem vírgulas - respira um ar viril, poeta de si, sabe persuadir minhas convicções. me traça feito um leão faminto, carnívoro silencioso; eu já me perdi nos malabares pirofágicos da sexualidade. ele diz que meu peito é um diamante. eu reajo com um silêncio sincero e penso na minha vaidade de querer ouvir um eu te amo atrás do outro.

(..)

terça-feira, 24 de junho de 2008

"Não quero fazer grandes generalizações sobre as mulheres. Não estou aqui para isso. Acho de mau gosto. Só digo isto: elas não têm sentimentos.

Porque na verdade os homens é que são românticos. Os homens é que dizem coisas como:
"Conheci uma pessoa. Ela é fantástica. Se eu não fico com ela, estou fodido. Não aguento mais. A sério. Ela transformou completamente a minha vida. Tenho um emprego, uma casa; e tudo isso já não vale nada. Não aguento mais. Tenho que estar com ela. Porque senão acabo entrevado, alcoólico e com umas calças piolhosas. E nunca mais saio à rua".

Ora isto é o que as mulheres dizem sobre sapatos!!"

terça-feira, 17 de junho de 2008

Um tremendo desencontro,
duas almas aparentemente tão diferentes
se satisfazerem assim.

ou um lindo encontro,
armado pelo destino
só para as duas se divertirem enfim..
mas como é possível?

" - as almas são incomunicáveis. " dizia Bandeira.
e acrescentou:
"- Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo, porque os corpos se entendem, mas as almas não."

um tiro à queima-roupa, um balde de água fria..
mas foi melhor assim.
Ô saudade companheira
De quem não tem companhia
Eu vou casar com a saudade
Numa madrugada fria
Na saúde e na doença
Na tristeza e na alegria
Quando o sono não chegar
No mais distante lugar
No deserto beira mar
Dia e noite noite e dia

Quando o sono não chegar - Cordel do Fogo Encantado

segunda-feira, 16 de junho de 2008


it’s always better when we’re together

sexta-feira, 13 de junho de 2008

é mentira, sei mas não te digo!

Não sei porquê, [é mentira, sei mas não te digo!] insisto em telefonar, em deixar o telefone tocar-te indefinidamente. A ver se me atendes, quando e se me atendes, se me ligas, se me percebes naquele momento, se entendes que eu naquele preciso instante estou a erguer um viaduto fininho entre nós. Várias vezes ao dia, sempre para nada de especial, para nada de concreto [claro que sei porque te ligo, o que julgas?] apenas um Tudo bem? E ouvir, ouvir o teu Tudo e os carros, o vento nas árvores… Estás na rua? Sim, vim aqui fazer uma coisa [Aqui onde? Que coisa?] Ah, bom, então nada, não queria nada de especial… e desligo devagarinho, de mansinho, depois de um Então adeus sumido, parecendo não te querer tocar, como para que não sintas a vontade que eu tinha de te escancarar porquês, de dinamitar todas as nossas pontes, de fazer ruir os túneis que nos escavei. Então adeus. Voltar a ligar umas horas adiante, voltar a construir um carreiro sinuoso só para te conseguir sentir de ouvido no auscultador, na minha boca [estarei a maçar-te?]. Logo eu, eu que só quando não ligo sou verdadeira, quando não telefono, quando não dou notícias, quando me silencio sou verdadeira. Desta vez não atendes, não estás para mim. Estarás para ti apenas.
Às vezes, menina; mulher. Convivo comigo 24 horas por dia. Mesmo quando durmo, meus sonhos contêm minha presença. Conheço cada centímetro do meu corpo. Já sei sair bem em fotos. Sei quando me afeta, quando não me afeta e quando pode ser que sim e que não. Sou íntima de mim mesma. Gosto da minha companhia e converso comigo em voz alta. Tenho variados tiques nervosos. Tenho dificuldade de olhar meus próprios olhos no espelho por muito tempo. Fico com vergonha! Intimidada. Sou defensiva. Desisto rápido de quem não gosta de mim. Ou quando é o que parece - pra mim. Não sou egoísta. Mas as vezes preciso de espaço, solidão. Escondo lágrimas atrás de sorrisos (des) pretenciosos. Sou frágil. Sou forte.
Sinto-me uma transeunte. Passo pela vida andando, meio lenta, meio rápida. Olho o relógio, as horas continuam lá e não faz a menor diferença o posicionamento dos ponteiros. O tempo é falho. Dependendo a situação, é claro.

Sinto-me como a claridade do sol nas manhãs de verão. O frio e a nostalgia das noites de inverno. A cor e o sabor do vinho tinto. A maciez da areia da praia e, a profundidade do mar. A alegria da esperança e, a tristeza da desilusão. A complexidade e a infinitude de ser humana.

Legitimidade e intensidade andam sempre muito juntas no meu humilde julgamento. Quero que o Mundo seja um pouco mais sublime do que se espera. Um pouco mais doce. Quero laços que não desatam e lembranças que não se apagam. Quero viver numa colônia de barreiras invisíveis, em pleno território público, onde o centro da cidade é o Mundo. Encontrar pessoas diferentes, mas de intenções mútuas, amigos de escudo e espada. Ser fiel aos tratos até quando não tem ninguém olhando, em todos os sentidos. Se eu tivesse uma ilha, levava pra lá só espírito, mesmo que nossos corpos tivessem que ir junto. Talvez eu não tenha uma ilha, mas muito em breve financiarei um apartamento.

Meus quadros não tem guarda chuva e eu não sou feita de açúcar. Sou atraída por segredos, enigmas e frases de impacto. A simplicidade também me seduz, assim como a calma e os furacões.. de vez em quando. Sim, no mais, sou inconstante, um ou outro insiste em dizer que eu sou xarope – tenho que admitir. Complicada algumas vezes também, mas é superável. A curiosidade talvez um dia me traga coisas que desejo e escrever talvez seja meu calmante pessoal. Não que eu precise, mas gosto; me distrai. Não que ache bom – nem sempre, mas é o que sinto. E ao contrário de muitos ócios por ai, isso pode ser um prelúdio para minhas quimeras.. quem sabe, a certeza de que o amanhã é incerto, é mesmo o que me acalenta em dias frios..

Quem acredita no amor, o reinventa todos os dias, de várias maneiras, com muita poesia. Falando em poesia, esta particularmente, me agrada horrores.

Por A. S.
Não escrevo para não me ler. Temo que as palavras se me escapem por entre os dedos, fujam a sete pés ou afluam à superfície; que se esgueirem por entre as brechas da minha desatenção e resolvam dizer-me. Calo-me as letras: evito as perífrases nas quais tendo a estender-me, contorno os oximoros em cujos contrários habitualmente me revejo e faço de conta que não estou em casa. Enxoto adjectivos, sujeitos e complementos, como pedintes que espreitasse à socapa pelo óculo da porta. Receio que as palavras, matreiras, me fintem, me levem ao engano e me encantem, sereias, estendendo-me a mão, o ramo de oliveira, o cachimbo da paz, a sua outra face. Não quero que se me insinuem, nem que se dispam e rodopiem no varão da minha imaginação doente. Tenho medo do que possa encontrar de mim, nelas. Tenho medo de te encontrar em mim, nelas. Não escrevo para não me ler.

Ou escrevo, sempre e me leio e re-leio, e re-leio..


Por A. S.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Você sabe do meu gostar, do meu lembrar..
Se nem eu finjo que não, porque você então?
Depois de você as coisas parecem tão fora de lugar. Ando perdida procurando o que fazer, como fazer, e te encontrar. Mas não, não sei porque procuro se sei que não está lá. "Era tão estranho te olhar dentro dos olhos, e ver na minha frente tudo que um dia eu quis."
Ah você, tão simples e indiscreto. Tão meigo e divertido. Me trás raiva, me trás angústia.. me trás saudade.
Nunca tanto por um só alguém, tanto tempo e não vai embora. Não vai embora de dentro de mim, do meu ser, do meu pensar.. Já que não te posso, só queria te ver, olhar de longe, um toque..

Teu toque. Tão macio e doce. Tão carinhoso e excitante.
Você!

Não sei, não consigo. Admito minha saudade, sem gritar aos quatro ventos, debruçando em minhas palavras e rasgando meus sentimentos.



Por A. S.

(Quando os posts forem meus, vou começar a assiná-los. Nunca tive esse costume mas..)
Por muitos momentos, paro e me observo. Mesmo que eu diga que não, os pensamentos se igualam dias e dias, uma xícara de café, um cigarro, minha tv ligada e eu aqui, à escrever. Entre o léxico e a minha concentração eu me perco e perco horas a fio.
Ontem pensei seriamente sobra a data de hoje, que pra mim, no estado em que me encontro não se torna tão especial, na verdade não muda nada; porém pensei e me veio uma questão:
- Porque não é tão fácil, despir-me de ti, como é fácil despir-me deste vestido?

Por A. S.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Destino ou escolha

Estranho. Aquele momento não teria melhor descrição. Os dois sentados no escuro, debaixo da janela que jogava o restinho de luz dos postes da cidade. O clima era o de uma confusão psicológica que os dois experimentavam juntos.- Posso te confessar uma coisa?


Ele perguntou com aquele olhar. Um que não conseguia repousar nos olhos dela, nem por um segundo. Olhava sempre pro chão, e deste arrastava à parede, repetindo o caminho num vai e vem conturbado e ansioso.

- Eu nunca imaginei que isso fosse possível.

- O que? - Ela perguntou.

- A gente, esse conjugado, essa janela. Nossos Mundos tão diferentes. Quando meu primeiro dente caiu, você já comprava absorventes.. Ela mesma não disse nada. Os olhos dela tinham uma característica que sempre o intrigou: eram sempre úmidos. Além de que, o olhar dela era sempre de baixo pra cima e sempre dizia: “há algo mais pra ser dito?”. Ela não era um exemplo de pessoa dessas que acham que a vida pode ser grande, mas os olhos sempre esperavam por algo mais. Se a frase dita tivesse três palavras, os olhos dela se preservavam até o tempo de serem ditas seis.
- Nossa Vênus precisa de mistério. Se não tiver mistério a gente enjoa... Você já está enjoada? Eu to sentindo que está. Fale a verdade, eu agüento. – ele mentia.

Na cabeça dela, essas últimas palavras não foram recebidas em português. Vieram num estranho dialeto que as resumiu a uma simples mensagem: “sou um garoto ansioso, tenho pressa, estou nervoso, vamos viver essa vida logo, vamos?”. E, pra ser sincero, ela não tinha mais energia pra isso. Quando ele foi embora, ela ligou a TV, fumou seus cigarros e sentiu-se, mais ou menos, como se aquele momento fosse o melhor que a vida poderia oferecer. Já o rapaz, ao pisar na rua, foi abduzido pelo destino e eles nunca mais se viram.

Dizem que hoje eles são tão diferentes, que moram no mesmo prédio, são vizinhos de porta, mas quando se cruzam não reconhecem um o outro. Dão bom dia por educação e seguem suas vidas. Ele um escritor estranho, ela uma professora cansada

http://umamoratrevido.blogspot.com

Perco horas se preciso, lendo e re-lendo cada frase, cada vírgula e principalmente cada ponto final contido nesse blog. Me apaixonei fácil pelas palavras e me derreto ao ver o quanto cada dito, dita fases da minha vida.

Ufa, que já cá não estás. Chorei-te pelo dia fora. Saíste-me suavemente, pela ponta da língua, dos dedos, dos cabelos. Esfumaste-te. Afinal, foi fácil, não tive de fazer nada. Escoei-te, apenas. Não sei que fenómeno físico se deu, que reacção química ocorreu, para que me desintoxicasse assim de ti, finalmente frívola, finalmente fútil. Escorreu-se-me a vontade de te rever, esqueci aquilo que ainda achava ter para te dizer; esgotaram-se-me as saudades que éramos suposto, um dia destes, matar, com horas de conversa fiada e vista para o rio. Hoje, pergunto-me como foi possível, ter durado tanto tempo, aquele estranho amor invertebrado, teimoso e atrevido; ter marinado, curtido, defumado, assim, dentro de mim. Agora sou livre, constato-o, sem esforço: não mais as pernas apertadas de desejo nas curvas traiçoeiras da noite. Afinal, foi fácil, não tive de fazer nada, apenas deixar o tempo e a distância, obreiros do desamor, trabalharem entre nós, cavando a dissolução dos contornos do outro. Ufa, que já cá não estás. Chorei-te. Não mais.


Feliz dia 12 de junho vulgo, dia dos namorados. ♥

E eu quero que tu o queiras..

Sabes que é só quereres. Que, entre os silêncios e as palavras meias, basta uma destas, calibrada para a rendição e o assentimento. Que é mais do que suficiente, o exagerares o riso ou o alargares o passo na minha direcção. Uma carta à maneira antiga empertigada num selo; um telefonema, uma mensagem abreviada em que os polegares se te fugiram e foste longe de mais. Sabes que me chega e sobra, um abraço que evites apertado ou um beijo na cara a resvalar para a boca, embalando-me os sentidos atentos com promessas cumpríveis. É só quereres, e eu caio-te nos braços com amplitude teatral, deixando que me dissolvas a pele com a língua e que a tua vontade impere por fim em mim numa fúria totalitária, mas doce. Sabes que uma palavra, apenas, me serve, ainda que desgarrada, truncada, encriptada e incorrecta; ou mesmo fugitiva e vagabunda, solta num grito de alforria. Espero um dia ser um alegre capricho teu e o objecto da tua preferência irresponsável, sujeita a critérios desmedidos. O meu desejo é circular e redundante: acaba sempre por voltar a casa e tem saudades, como um soldado ferido. É só quereres, e deixarei que me confundas com o rebentar das ondas e que contabilizes e anotes, com astúcia de merceeiro e intuitos de salva-vidas, os rodopios do meu corpo em despejo sobre o teu. Eu, vinda e ida na sétima, às vezes na quadragésima, encharcando-te, desprevenido. É só quereres (sabes). E eu quero que tu o queiras (sabê-lo-ás?).
Depois de atravessar o inferno, esse paraíso
Depois de atravessar o paraíso, esse inferno
Depois de atravessar o sonho, esse pesadelo
Depois de atravessar o pesadelo, esse sonho
Depois de atravessar a ação,essa inação
Depois de atravessar a inação,essa ação
Depois de atravessar o novo,esse velho
Depois de atravessar o velho,esse novo
Depois de atravessar o outro,esse mesmo
Depois de me atravessar o mesmo,esse outro
Depois de atravessar a cidade,esse bairro
Depois de atravessar o bairro,essa cidade
Depois de atravessar a fome,essa saciedade
Depois de atravessar a saciedade,essa fome
Depois de atravessar o poema,essa prosa
Depois de atravessar a prosa,esse poema
Depois de atravessar o luxo,essa favela
Depois de atravessar a favela,esse luxo
Depois de atravessar o sim,esse não
Depois de atravessar o não,esse sim
Depois de atravessar o sexo,esse pau mole
Depois de atravessar o pau mole,esse sexo
Depois de atravessar o finito,esse infinito
Depois de atravessar o infinito,esse finito
Depois de atravessar o verso,esse reverso
Depois de atravessar o reverso,esse verso
Depois de atravessar a imanência,essa transcendência
Depois de atravessar a transcendência, essa imanência
Depois de atravessar o antes, esse depois
Depois de atravessar o depois, esse antes
Depois de atravessar o durante, esse passado e esse futuro diante
Depois de atravessar esse passado e esse futuro diante, esse durante
Depois de atravessar o nada, esse tudo
Depois de atravessar o tudo, esse nada
Depois de atravessar a morte, essa vida
Depois de atravessar a vida, essa morte
Depois de atravessar a dor, esse alívio
Depois de atravessar o alívio, essa dor
Depois de atravessar o pecado, essa casticidade
Depois de atravessar o perdão, esse ressentimento
Depois de atravessar o ressentimento, esse perdão
Depois de atravessar a prisão, essa liberdade
Depois de atravessar a liberdade, essa prisão
Depois de atravessar o saber, essa ignorância
Depois de atravessar a ignorância, esse saber
Depois de atravessar o país, esse mundo
Depois de atravessar o mundo, esse país
Depois de atravessar o esquecimento, essa lembrança
Depois de atravessar a lembrança, esse esquecimento
Depois de atravessar a coragem, esse medo
Depois de atravessar o medo, essa coragem
Depois de atravessar a presença, essa ausência
Depois de atravessar a ausência, essa presença
Depois de atravessar o mal, esse bem
Depois de atravessar o bem, esse mal
Depois de atravessar a casa, essa rua
Depois de atravessar a rua, essa casa
Depois de atravessar o amor, esse ódio
Depois de atravessar o ódio, esse amor
Depois de atravessar a noite, esse dia
Depois de atravessar o dia, essa noite
Depois da atravessar a posse, essa despossessão
Depois de atravessar a despossessão, essa posse
Depois de atravessar a amizade, essa inimizade
Depois de atravessar a inimizade, essa amizade
Depois, durante e antes de, não atravessar,senão através de um lado e de outro,o pêndulo desse trêmulo passamento,a travessia atravesso, através do avesso,o aroma desse café no cá de minha féseu sabor exalano ventre do vento, esse pensamento,buraco-negro no líquido perdido no transe da trança da tramada bailarina, esvaindo da xícara, o cheiro cheio de sua acrobacia defumaça,sua alma dança a alegria de meu tormento,fora do pêndulo,na inspiração, a cafeínado tempo,sorve minhas narinas,nesse momentode contentamentoacrobático:pacto de ilusõesdas sensaçõesde nossasestaçõesque podem voltar à prisão dos pólos dos pêndulosa este estado de sítio e de litígiode roubar a cafeína, como cafetão e cafetina,da acrobacia de todas e todosda vida:estado de graçade graçao prestígiodo direito a um mundoesquerdode religião nos religando
no ópio do pio do vício
do cio:
de nossos
rios de rir
no partir
e no
parir.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Imagens e recordações de cheiros e texturas vão construindo o nosso imaginário particular.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Tô indo pra lá..

..até a volta!
Como eu queria te tocar e com carícias sutis, o teu desejo despertar. Em momentos íntimos, manifestar meus anseios e te fazer a confissão, através de prazeres explícitos, da minha intensa paixão, em murmúrios dissolutos, que se sucumbem no tempo..

fui eu que quis, eu que fiz, pra você

Sozinha sentada em uma mesa de bar
Um cigarro atrás do outro, uma caneta e alguns papéis rabiscados.
Procurando num breu uma companhia
Que consiga, mesmo com uma piada sem graça.
Tirar toda e qualquer melancolia.

Quero a simplicidade dos amores sinceros; construir no dia-a-dia os elosem confidências trocadas, das experiências vivenciadas, em verdades roubadas.

Porque você não está aqui
Por que garrafas de rum não me satisfazem mais
A garrafa quase vazia e o pensamento em outro lugar.

Que minhas decepçõesnão me suscitem tristezas vãs. Porque existe algo maiorpelo qual prosseguir, além do instinto de sobrevivência, a esperança de, como ser humano, evoluir.

Revelar-me a cada momento, descobrindo-te em esboços imaginários. Mãos que deslizam ávidaspelas tuas costas, o calor da respiração, o toque da língua.. Quantas coisas a serem ditas..Teu olhar indecifrável, tua silhueta longaque se perde em qualquer esquina do tempoe, a incerteza de que me queres.

Gosto deste teu jeito displicentede expressares o que sentes.Falas da alegria ou da dor com palavras simples,mas tu as tornas diferentes.Agora, deixa-me ir,levando-te comigo na memória,para depois te reencontrar nos sonhose te fazer dormir.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Eu podia ficar a eternidade assim, mas você piscou e uma voz me distraiu.

Eu vou fugir do seu olho, como quem foge do silêncio.

E tudo vai ser opaco, mas livre da angústia do se.
Sinto saudades de escrever de verdade. Pôr em letras o que se passa aqui. Mas, se as palavras não vem? Eu as tenho chamado, convidado, conquistado, ordenado; mas elas não vem! Fugidias, pequeníssimas unidades de pensamento que se deslocam em mim. Minúsculas e irriquietas pernas que as transportam para longe dos meus domínios. Que se recusam ao contato com o papel. Ou o teclado, para sermos menos românticos...
O falar, por outro lado, não me falta jamais. (Todos já sabem...) Cada vez que convoco a palavra oral, ela se apresenta. Forte, torrencial. O que é pequeno e delicado quando escrito se mostra poderoso e incontrolável ao ser voz. Ao se apresentar em carne. Em corpo. Escrita é delicada. Falada é arrebatada. Ambas as formas indomáveis. São mais que eu. Apesar da minha autoria, não respondem aos meus quereres.
E o que eu faço com o que trago aqui? Me ensinaram apenas o caminho do verbo para apresentar meu espírito a um outro. Não posso ser palavra no alisar de uma cabeça de menino, ou no admirar de um fim de tarde, como queria Clarice. Não aprendi a dizer assim. Pelo menos não de forma audível. Inteligível. As tantas nuances que carrego não podem ser traduzidas num olhar. Ou num mexer de braços. Em um meneio de corpo. Em um abraço. Ou podem? Reflito, mas ainda acho que não...
Mesmo a palavra, que me é tão cara, teima em desobedecer. Mais uma vez. E tenho andado cansada de uma alma tão auto-suficiente... Ela faz o que quer. Sem me consultar. Sente, deseja, reage, desiste, reflete. Independe de mim. Apenas é. Acho até engraçado como, habitando em mim, ela possa ser assim. Uma solista.

Orgasmo

Suspensão

Pausa

Expiração.


Ou quase morte.
Só para falar de anjos, me deitei com o livro que um dia me deu.
Numa página quase branca, via-se o outro lado do vidro,
e um abajur
que deixa meu quarto azul
um pouco mais frio.
Em dias de chuva resolvo minha solidão com chá de camomila e um lápis de olho.
Lembro do silêncio que fiz, quando você falou da liberdade sem compromissos além do amor
de amar.
E do sorriso de canto de boca.
E da tua,
e da minha boca.
Descubro que nós, nós dois,
juntos,
já temos um passado.
E que o presente é circunstância do agora.
Penso que evolução não é progressão,
se relaciona melhor com transformação.
E que dois corpos juntos,
em suspensão,
só podem estar voando ou estão com tesão.
Você me diz sorrindo: Sonhe comigo.
E eu te respondo, como quem cuida dos olhos, que o seu vermelho e o meu azul é violeta.
Entre a lagarta e a borboleta.
Como quem voa pela primeira vez...
Como quem tem apenas um dia de vida...
Como quem descobre o silêncio....
Passamos a rolar.
Nós, nós dois, juntos.
O presente é circunstância do agora.


E eu só queria falar de anjos.
Eu quero que você vá embora. Eu quero ir embora de você. Eu quero nunca mais dormir no encaixe perfeito. Eu quero que você não queira morar dentro de mim. Eu quero ver você por dentro. Eu quero não ter você nos meus mais vastos pensamentos imperfeitos. Eu quero que você não visite a minha coleção de caramiolas parasitas. Eu quero que você turn into thousand pieces. Eu quero catar os fragmentos, os pedaços, as partes e costurar seu corpo em uma receita de bolo. Eu quero a massa, eu quero o rolo. Eu quero que você cresça, dentro do meu jardim de infância. Eu quero tomar parte na sua educação, na formação primária, na sua forma de olhar o mundo. Eu quero que o mundo desapareça. Eu quero todas as pessoas vivas mortas. Eu quero um universo paralelo. Eu quero sufocar cada milímetro aceso de liberdade possivel. Eu quero um fósforo no meio do sono. Eu quero travesseiro, lençol e pés quentes. E quando penso que não, linha por linha, o gosto do se atravessa minha porta, abre as janelas da casa e afirma meu já tão longo estar sobre um muro.