sexta-feira, 13 de junho de 2008

é mentira, sei mas não te digo!

Não sei porquê, [é mentira, sei mas não te digo!] insisto em telefonar, em deixar o telefone tocar-te indefinidamente. A ver se me atendes, quando e se me atendes, se me ligas, se me percebes naquele momento, se entendes que eu naquele preciso instante estou a erguer um viaduto fininho entre nós. Várias vezes ao dia, sempre para nada de especial, para nada de concreto [claro que sei porque te ligo, o que julgas?] apenas um Tudo bem? E ouvir, ouvir o teu Tudo e os carros, o vento nas árvores… Estás na rua? Sim, vim aqui fazer uma coisa [Aqui onde? Que coisa?] Ah, bom, então nada, não queria nada de especial… e desligo devagarinho, de mansinho, depois de um Então adeus sumido, parecendo não te querer tocar, como para que não sintas a vontade que eu tinha de te escancarar porquês, de dinamitar todas as nossas pontes, de fazer ruir os túneis que nos escavei. Então adeus. Voltar a ligar umas horas adiante, voltar a construir um carreiro sinuoso só para te conseguir sentir de ouvido no auscultador, na minha boca [estarei a maçar-te?]. Logo eu, eu que só quando não ligo sou verdadeira, quando não telefono, quando não dou notícias, quando me silencio sou verdadeira. Desta vez não atendes, não estás para mim. Estarás para ti apenas.

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