quarta-feira, 11 de junho de 2008

Depois de atravessar o inferno, esse paraíso
Depois de atravessar o paraíso, esse inferno
Depois de atravessar o sonho, esse pesadelo
Depois de atravessar o pesadelo, esse sonho
Depois de atravessar a ação,essa inação
Depois de atravessar a inação,essa ação
Depois de atravessar o novo,esse velho
Depois de atravessar o velho,esse novo
Depois de atravessar o outro,esse mesmo
Depois de me atravessar o mesmo,esse outro
Depois de atravessar a cidade,esse bairro
Depois de atravessar o bairro,essa cidade
Depois de atravessar a fome,essa saciedade
Depois de atravessar a saciedade,essa fome
Depois de atravessar o poema,essa prosa
Depois de atravessar a prosa,esse poema
Depois de atravessar o luxo,essa favela
Depois de atravessar a favela,esse luxo
Depois de atravessar o sim,esse não
Depois de atravessar o não,esse sim
Depois de atravessar o sexo,esse pau mole
Depois de atravessar o pau mole,esse sexo
Depois de atravessar o finito,esse infinito
Depois de atravessar o infinito,esse finito
Depois de atravessar o verso,esse reverso
Depois de atravessar o reverso,esse verso
Depois de atravessar a imanência,essa transcendência
Depois de atravessar a transcendência, essa imanência
Depois de atravessar o antes, esse depois
Depois de atravessar o depois, esse antes
Depois de atravessar o durante, esse passado e esse futuro diante
Depois de atravessar esse passado e esse futuro diante, esse durante
Depois de atravessar o nada, esse tudo
Depois de atravessar o tudo, esse nada
Depois de atravessar a morte, essa vida
Depois de atravessar a vida, essa morte
Depois de atravessar a dor, esse alívio
Depois de atravessar o alívio, essa dor
Depois de atravessar o pecado, essa casticidade
Depois de atravessar o perdão, esse ressentimento
Depois de atravessar o ressentimento, esse perdão
Depois de atravessar a prisão, essa liberdade
Depois de atravessar a liberdade, essa prisão
Depois de atravessar o saber, essa ignorância
Depois de atravessar a ignorância, esse saber
Depois de atravessar o país, esse mundo
Depois de atravessar o mundo, esse país
Depois de atravessar o esquecimento, essa lembrança
Depois de atravessar a lembrança, esse esquecimento
Depois de atravessar a coragem, esse medo
Depois de atravessar o medo, essa coragem
Depois de atravessar a presença, essa ausência
Depois de atravessar a ausência, essa presença
Depois de atravessar o mal, esse bem
Depois de atravessar o bem, esse mal
Depois de atravessar a casa, essa rua
Depois de atravessar a rua, essa casa
Depois de atravessar o amor, esse ódio
Depois de atravessar o ódio, esse amor
Depois de atravessar a noite, esse dia
Depois de atravessar o dia, essa noite
Depois da atravessar a posse, essa despossessão
Depois de atravessar a despossessão, essa posse
Depois de atravessar a amizade, essa inimizade
Depois de atravessar a inimizade, essa amizade
Depois, durante e antes de, não atravessar,senão através de um lado e de outro,o pêndulo desse trêmulo passamento,a travessia atravesso, através do avesso,o aroma desse café no cá de minha féseu sabor exalano ventre do vento, esse pensamento,buraco-negro no líquido perdido no transe da trança da tramada bailarina, esvaindo da xícara, o cheiro cheio de sua acrobacia defumaça,sua alma dança a alegria de meu tormento,fora do pêndulo,na inspiração, a cafeínado tempo,sorve minhas narinas,nesse momentode contentamentoacrobático:pacto de ilusõesdas sensaçõesde nossasestaçõesque podem voltar à prisão dos pólos dos pêndulosa este estado de sítio e de litígiode roubar a cafeína, como cafetão e cafetina,da acrobacia de todas e todosda vida:estado de graçade graçao prestígiodo direito a um mundoesquerdode religião nos religando
no ópio do pio do vício
do cio:
de nossos
rios de rir
no partir
e no
parir.

Nenhum comentário: