quarta-feira, 11 de junho de 2008


Ufa, que já cá não estás. Chorei-te pelo dia fora. Saíste-me suavemente, pela ponta da língua, dos dedos, dos cabelos. Esfumaste-te. Afinal, foi fácil, não tive de fazer nada. Escoei-te, apenas. Não sei que fenómeno físico se deu, que reacção química ocorreu, para que me desintoxicasse assim de ti, finalmente frívola, finalmente fútil. Escorreu-se-me a vontade de te rever, esqueci aquilo que ainda achava ter para te dizer; esgotaram-se-me as saudades que éramos suposto, um dia destes, matar, com horas de conversa fiada e vista para o rio. Hoje, pergunto-me como foi possível, ter durado tanto tempo, aquele estranho amor invertebrado, teimoso e atrevido; ter marinado, curtido, defumado, assim, dentro de mim. Agora sou livre, constato-o, sem esforço: não mais as pernas apertadas de desejo nas curvas traiçoeiras da noite. Afinal, foi fácil, não tive de fazer nada, apenas deixar o tempo e a distância, obreiros do desamor, trabalharem entre nós, cavando a dissolução dos contornos do outro. Ufa, que já cá não estás. Chorei-te. Não mais.


Feliz dia 12 de junho vulgo, dia dos namorados. ♥

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